Por que tia? Porque sou tia de muitos e vó só de dois, por isso não é o blog da Vovó Dedê. Aqui esvaziarei o coração quando estiver muito cheio; preencherei minhas noites insones; inicio algo concreto para o tempo de aposentada que se avizinha.
Desejo escrever meu dia-a-dia difícil e revisar com palavras e sonhos meu cotidiano e comunicar meu interior, vivido e experiente. Encontrar amigos, leitores, parentes aos quais oportunamente poderei homenagear.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

AO MESTRE COM CARINHO...

É o título em português de um quase antigo filme americano, muito visto pelos profissionais da educação. Mas aqui é uma pequena homenagem a um grande cearense. Um POETA (assim mesmo em casplock, como diria minha filha letradissima!)Um educador, cuja frase permeia minhas lembranças juvenis e me acompanhou ao longo da vida de educadora também: "Ensino como quem reza, com a alma genuflexa." (ou seja ensinava, rezando, orando, de joelhos em louvor, alegria e gratidão... não é lindo?). Bom para meus três seguidores e parcos leitores um exemplo desta alma linda:

LÍNGUA NACIONAL
(Filgueiras Lima)

Língua dos canoeiros e seringueiros da Amazônia,
florindo em sonoros vocábulos indígenas,
cantando na insistência das vogais:
uiara... pororoca... uirapuru...
Língua dos vaqueiros românticos do Piauí,
enchendo as grotas de aboios tristes e longos: ecôôô... mansôôô...
Língua rimada, dos violeiros do Ceará,
língua cantada de todo o povo do Ceará!
Língua dos engenhos de açúcar de Pernambuco e Alagoas,
doce, na ternura, como um rolete de cana,
forte, no insulto, como um trago de aguardente.
Língua piedosa da Bahia de Todos os Santos,
que é também a língua das mandingas de Jubiabá,
língua dengosa da baiana que tem tudo
e apimentada como vatapá.
Língua carioca, mistura de todas as línguas,
mosaico de todos os idiomas que há no mundo.
Língua dos garimpeiros de Minas Gerais,
faiscantes de jóias e de pedrarias!
Língua sintética dos homens-dínamos de São Paulo,
exuberante de força, de seiva e de energia!
Língua dos pampas infinitos,
cheia de hipérboles e imagens,
insubmissa e viril como um potro selvagem.
Língua em que o gaúcho libérrimo fez à sua imagem...
Língua em que todas as mães brasileiras ninam seus filhos,
em que todos os lavradores nordestinos pedem chuvas a Deus,
em que todos os desgraçados encontram palavras de consolação...
Língua ardente, cantante, exuberante, original...
Língua da minha gente do Norte e do Sul!
Língua Nacional!

Um comentário:

Kamyla disse...

Oi Idê...esse post lembrou-me minha mãe que tb é educadora...
Abraço e um excelente fim de semana!!!