Por que tia? Porque sou tia de muitos e vó só de dois, por isso não é o blog da Vovó Dedê. Aqui esvaziarei o coração quando estiver muito cheio; preencherei minhas noites insones; inicio algo concreto para o tempo de aposentada que se avizinha.
Desejo escrever meu dia-a-dia difícil e revisar com palavras e sonhos meu cotidiano e comunicar meu interior, vivido e experiente. Encontrar amigos, leitores, parentes aos quais oportunamente poderei homenagear.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Porque te amo,Maria - um poema de Santa Terezinha do Menino Jesus


Quisera cantar, Maria, porque te amo,
Porque, ao teu nome, exulta meu coração
E porque, ao pensar em tua glória suprema,
Minh’alma não sente temor algum.

Se eu viesse a contemplar o teu fulgor sublime
Que supera de muito o dos anjos e santos,
Não poderia crer que sou tua filha
E, então, diante de ti, baixaria meus olhos.

Para que um filho possa amar sua mãe,
Que ela chore com ele e partilhe suas dores…
Pois tu, querida Mãe, nestas plagas de exílio,
Quanto pranto verteste a fim de conquistar-me!…
Ao meditar tua vida escrita no Evangelho,
Ouso te contemplar e me acercar de ti;
Nada me custa crer que sou um de teus filhos,
Pois te vejo mortal e, como eu, sofredora.

Quando o anjo te anunciou que serias a Mãe
Do Deus que reinará por toda a eternidade,
Eu te vi preferir, Maria – que mistério! -,
O inefável, luzente ouro da Virgindade.
Compreendo que tua alma, Imaculada Virgem,
Seja mais cara a Deus que o próprio céu divino;
Compreendo que tua alma, Humilde e doce Vale,
Possa conter Jesus, o grande Mar do Amor!…

Como te amo, Maria, ao declarar-te serva
Do Deus que conquistaste por tua humildade,
Tornou-te onipotente essa virtude oculta.
Ela ao teu coração trouxe a Trindade santa
e o Espírito de Amor, cobrindo-te em sua sombra,
O Filho, igual ao Pai, encarnou-se em teu seio…
Inúmeros serão seus irmãos pecadores,
Uma vez que Jesus é o teu primeiro filho!…

Ó Mãe muito querida, embora pequenina,
Trago em mim, como tu, o Todo-Poderoso
e nunca tremo ao ver em mim tanta fraqueza.
O tesouro da Mãe é possessão do Filho,
e sou tua filha, ó Mãe estremecida.
Tua virtude e amor não são, de fato, meus?
E quando ao coração me vem a Hóstia santa,
Teu Cordeiro, Jesus, crê que repousa em Ti!…

Tu me fazes sentir que não é impossível
Os teus passos seguir, Rainha dos eleitos,
Pois o trilho do céu nos tornaste visível,
Vivendo cada dia as mais simples virtudes.
Quero ficar pequena ao teu lado, Maria,
Por ver como são vãs as grandezas do mundo.
Ao ver-te visitar a casa de Isabel,
Aprendo a praticar a caridade ardente.

Aí escuto absorta, ó Rainha dos anjos,
O canto celestial que jorrou de teu peito;
Ensinas-me a cantar os divinos louvores
E a só me gloriar em Jesus Salvador.
Tuas frases de amor caíram como rosas
Que iriam perfumar os séculos futuros.
O Todo-Poderoso em ti fez maravilhas,
Cujas bênçãos, na prece, quero usufruir.

Quando o bom São José ignorava o milagre
Que intentavas velar com tua humildade,
Tu o deixaste chorar aos pés do Tabernáculo
Que esconde o Salvador e sua eterna Beleza!…
Maria, amo esse teu eloqüente silêncio,
Que soa para mim como um doce concerto,
Melodia cantando a grandeza e o poder
De um coração que espera ajuda só dos céus…

E, mais tarde, em Belém, ó José e Maria,
Rejeitados os vi por todas as pessoas.
Não os recebeu ninguém em sua hospedaria,
Que só os grandes acolhe e não pobres migrantes…
Para os grandes o hotel, portanto é num estábulo
Que a Rainha do céu dá à luz o Filho-Deus.
Minha querida Mãe que acho tão amável,
Como te vejo grande em lugar tão pequeno!…

Quando vejo o Eterno envolvido em paninhos
E ouço o fraco vagir desse Verbo divino,
Ó Mãe querida, não invejo mais os anjos,
Porquanto o Onipotente é meu amado Irmão!…

Como te amo, Maria, a ti que, em nossas terras,
Fazes desabrochar essa divina Flor!…
Como te amo escutando os pastores e os magos
Guardando, com amor, tudo no coração!…

Amo ao ver-te também, entre as outras mulheres,
Os passos dirigindo ao Templo do Senhor.
Amo-te apresentando o nosso Salvador
Àquele santo ancião que O tomou em seus braços.
Em princípio, sorrindo, escuto o canto dele,
Logo, porém, seu tom me faz cair em pranto,
Pois, sondando o porvir com olhar de profeta,
Simeão te apresentou uma espada de dores.

Rainha do martírio, até a noite da vida
Essa espada de dor traspassará teu peito.
Cedo tens de deixar o teu país natal,
Fugindo do furor de um rei cheio de inveja.
Jesus cochila em paz nas dobras de teu véu;
José te vem pedir para partir depressa
E logo se revela tua obediência,
Partindo sem atraso ou considerações.

Lá na terra do Egito, ó Maria, parece
Que manténs, na pobreza, o coração feliz.
Uma vez que Jesus é a mais bela das pátrias,
Com Ele tendo o céu, pouco te importa o exílio…
Mas, em Jerusalém, uma amarga tristeza,
Como um imenso mar, vem inundar teu peito:
Por três dias Jesus se esconde de teu amor;
Agora é exílio, sim, em todo o seu rigor.

Tu O descobres enfim, e alegria te inunda
Vendo teu belo filho encantando os doutores
E lhe dizes: “Por que, meu filho, agiste assim?
Eis que eu mais o teu pai chorando te buscávamos!”
Então o Filho de Deus responde (oh! que mistério!)
À sua terna Mãe que os braços lhe estendia:
“Por que me procurais?… Não sabeis, talvez,
Que das obras do Pai devo me ocupar?”

O Evangelho nos diz que, crescendo em saber,
A Maria e José, Jesus obedecia.
E o coração me diz com que infinda ternura
O Menino a seus pais assim se submetia.
Só agora compreendo o mistério do templo:
Palavras de meu Rei envoltas em mistério.
Teu doce Filho, Mãe, quer que sejas exemplo
De quem O busca em meio à escuridão da fé.

Já que o supremo Rei do Céu quis que sua mãe
Se afundasse na noite e em angústias interiores,
Então, Maria, é um bem sofrer assim na terra?
Sim, sofrer com amor é o mais puro prazer.
Tudo quanto me deu Jesus pode tomar;
Dize-lhe que comigo nunca se preocupe…
Que se esconda, se quer; consinto em esperar
Até o dia sem poente em que se apaga a fé.

Sei que, em Nazaré, ó Mãe, cheia de graça,
Longe das ambições, viveste pobremente,
Sem arrebatamento ou êxtase e milagre
Que te adornasse a vida, ó Rainha do Céu.

Na terra é muito grande o bando dos pequenos
Que, sem temor, a ti elevam seu olhar.
É o caminho comum que te apraz caminhar,
Incomparável Mãe, para guiá-los ao céu!

Enquanto espero o céu, ó minha Mãe querida,
Contigo hei de viver, seguir-te cada dia.
Contemplando-te, Mãe, sinto-me extasiada
Ao descobrir em ti abismos só de amor.
Teu olhar maternal expulsa meus temores,
Ensina-me a chorar e também a sorrir.

Em vez de desprezar gozos puros e santos,
Tu os queres partilhar, digna-te a abençoá-los.
Em Caná, ao notar a angústia do casal
Que não sabe ocultar a falta de vinho,
Preocupada contas tudo a teu Jesus,
Esperando de Seu poder a solução.
Parece que Jesus recusa teu pedido
Dizendo: “Isto que importa a mim e a ti, Mulher?”
Mas, lá em seu coração, Ele te chama Mãe
E por ti Ele opera o primeiro milagre…

Pecadores, um dia, ouviam a palavra
Daquele que no céu deseja recebê-los.
Junto deles te vejo, ó Mãe, sobre a colina,
E alguém diz a Jesus que tu pretendes vê-Lo.
Então o Filho de Deus, diante da turba inteira,
Mostrou a imensidão de Seu amor por nós
Dizendo: “O meu irmão e minha Mãe quem é?
Não é outro senão quem faz minha vontade”.

Virgem Imaculada, a mais terna das mães,
Ao escutar Jesus tu não ficaste triste
Mas te alegraste, pois Ele nos fez saber
Que nossa alma, aqui embaixo, é Sua família.
Tu te alegras por ver que Ele nos dá Sua vida,
E os tesouros sem fim de Sua divindade!…
Como, pois, não te amar, ó Mãe terna e querida,
Ao ver tamanho amor e tão grande humildade?

Tu nos amas, ó Mãe, como Jesus nos ama
E consentes, por nós, em afastar-se dele.
Amar é tudo dar; depois, dar-se a si mesmo.
Isto provaste ao te tornares nosso apoio.
Conhecia Jesus tua imensa ternura
E os segredos de teu coração maternal.
Ele nos deixa a ti, do pecador Refúgio,
Quando abandona a cruz para esperar-nos no céu.

Tu me apareces, Mãe, no cimo do Calvário,
De pé, junto da cruz, qual padre ao pé do altar,
E ofertas, para aplacar a justiça do Pai,
Teu querido Jesus, esse doce Emanuel…

Um profeta já disse, ó Mãe tão desolada:
“Não há dor neste mundo igual à tua dor”!
Ficando aqui no exílio, ó Rainha dos mártires,
Todo o sangue que tens no coração nos dás.

O teu único asilo é a casa de São João;
Filho de Zebedeu deve substituir Jesus!…
É o detalhe final que vem nos evangelhos
E não se fala mais da Rainha dos céus.
Mas, Mãe querida, teu silêncio tão profundo
Não revela tão bem a nós que o Verbo eterno
Quer cantar Ele próprio o louvor de tua vida
Para poder encantar teus filhos lá no céu?

Logo, logo ouvirei essa doce harmonia;
Cedo irei para o céu a fim de lá te ver.
Tu que, no amanhecer da vida, me sorriste,
Vem me sorrir de novo, ó Mãe! Já se faz noite!…
Não tenho mais temor do brilho de tua glória;
Contigo já sofri, o que desejo agora
É cantar, em teu colo, ó Mãe, porque é que te amo
E mil vezes dizer-te que sou tua filha!…

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Tiago

Eu tenho um Tiago em minha vida...Ele tem um sorriso "derrubante", um humor contagiante. Ele é dócil, gentil, meigo, educado... de um jeito peculiar, interior, de um jeito dele! Não herdado por uma educação refinada, mas adquirido ao longo da vida, pelo senso de inteireza e de observação. Ele é íntegro, temente a Deus, crente e entregue ao Nosso Senhor. Tão entregue que vive completamente da providência...
Pois, então, deixou de trabalhar e tornou-se "estudante", de verdade! Não falta às aulas, apesar de ter abandonado o curso superior de Estatística da UFC (universidade federal do ceará) e ter ingressado em outro na mesma instituição, por vestibular, do zero. Não, do zero não, porque ele aproveitou todos os créditos que poderia da faculdade que cursava. Ele passa em todo concurso que faz! Inteligente demais! Passa nas vagas e entra! Ele fez três concursos: dois vestibulares na UFC e um na Prefeitura de Fortaleza (deste foi o trabalho que ele pediu exoneração).
Ele é um filho maravilhoso, vai comigo ao supermercado, a Igreja, a praia, ao cinema... onde eu chamar (desde que haja disponibilidade, é óbvio!). Nunca me pede nada e diz que tem tudo. Ele nunca me pede roupas, calçados, produtos de higiene pessoal... nem sequer dinheiro para o transporte... como falei vive da providência. Faz biscates até terminar a faculdade, pois esta é em tempo integral.
Hoje ele foi viajar para uma cidade aqui perto, não se despediu de mim para não me acordar e ao falar com o Pai, também não pediu nada... e foi sem dinheiro porque o próprio pai - lento de natureza e tudo - não entendeu a deixa: "vixe, tô atrasado! Vou ter que pegar o táxi e o dinheiro que tenho só dá para o ônibus!"... E foi... Ontem ele me dera toda grana que tinha na carteira e hoje ele viajou para um dia inteiro fora de casa de carteira limitada, quase vazia...Meia hora depois que ele saira, o pai entendeu que ele queria mais uma graninha...
Como eu disse ele é a generosidade em pessoa, faz um monte de favores para os amigos aqui no bloco onde moramos, o interfone chama... é para ele!
A irmã dele o chama, quando precisa, e ele comparece: para furar buracos na parede, para ver o computador ou simplesmente para ficar com os pequenos...
Ele é apaixonado pelas irmãs e morre de ciúmes delas... A mais nova, então, sofre com isso. Nenhum pretendente corresponde ao perfil traçado por ele. Segundo ele, o pretendente tem que ser o CARA!

Acho que ser generoso é sindrome do nome que ele carrega...
Esse é somente para reafirmar a minha sorte com meus filhos e agradecer e louvar a Deus pelos frutos gerados e pelos acertos na educação...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Marcele

... de repente relendo o blog dela veio em mim a lembrança daquela menina que um dia tive em minha casa. Da menininha que me acompanhava em toda parte, apesar de ter duas babás, na época. Tiago Luiz era levado da breca e, assim, carregava comigo a mais velhinha, para dar uma folga a Cida... Na verdade ainda bebê eu a levava comigo para a escola. Deixava-a no carrinho em frente a sala de aula, onde ela acabava dormindo até a hora do recreio, quando mamava e, depois, voltava a dormir. Os alunos se revezavam nos cuidados, entre um intervalo e outro. Aliás, todos adoravam cuidar do meu bebê.
Depois, maiorzinha, a levava comigo para as filas dos bancos - num tempo em que ainda não havia caixas eletrônicos e/ou internets banks- era encantador vê-la a abrir gavetas com chaves invisíveis ou jogar bolas invisíveis também. Na verdade, era encantador vê-la embarcar nos meus brinquedos de faz-de-conta. Ali estava alguma defesa útil no futuro, meio poética, "fingir que não é dor a dor que deveras sente". Serviria para esconder a dor e sorrir para a vida.
Lembro dela levantando bandeiras políticas aos 4 ou 5 anos de idade (de esquerda desde pequenininha) cantado: "maria, maria, maria", em prol da primeira mulher candidata e eleita prefeita de Fortaleza. Ela à frente e o resto das crianças do meu bloco atrás...
São tantas lembranças pueris...
Fico feliz (paradoxo?) ao vê-la hoje enfrentando a vida, a dor, a morte e a perda do primeiro e único GRANDE amor da vida dela,segura de si, tomando decisões, dando ordens, educando seus pequenos (do jeito dela - não interfiro...).
Temos zilhões de discussões cotidianamente. Discordamos de tudo, outro tanto. Ela nunca acha que estou certa, nunca acha legal o que eu faço,(na hora) porém depois usa minhas idéias, fatos, palavras e argumentos, mas só depois, muito depois...
Ela nunca reconhece minha importância na vida dela, não atribui a mim nenhum mérito no que ela é hoje... Não gosta da minha fé, da minha oração, me chma de beata! Enfim, ela nunca acha coisa alguma nela que reporte a essa mísera mãe aqui. Isso declaradamente, mas lá no intimo, ela me ama de tal modo que ela nem supõe e a pego fazendo coisas (muitas) do mesmo jeito que eu fiz... Ela odeia cozinhar, mas cozinha como eu... conta para os filhos as histórias que eu contava para ela, com amesma entonação que eu dava aos personagens, e me diz que lembra até do tom da minha voz, naquela época...
Hoje ela é uma irmã muito melhor para seus irmãos: o Tiago e a Manu...
Enfim, ela se tornou como diz a Dorê: "...UMA MULHER NO SENTIDO TOTAL DA PALAVRA, É FEITA DA MAIS PURA FIBRA...e não de vidro. E ela é assim porque você a ensinou a ser independente e a acreditar em si mesma. Ela vai superar...não por você, pela família ou pelos amigos, mas por ela. Vai provar que ela pode! (e você sabe como ela gosta de desafios). Ela esta passando pelos cinco processos para aceitação muito bem, e se revoltar as vezes é normal e bom, colocar para fora e ter opiniões que a deixam com raiva é ótimo, porque assim ela vai ter mais incentivo para levantar a cabeça e lutar. Deixe-a lutar suas próprias lutas. Ela não tem que provar nada a ninguém a não ser a si mesma. E isso ela sabe fazer. Ela tem e vai viver plenamente porque é jovem, bonita, inteligente e merece".
Essa é a minha filha mais velha!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sobre a vida que passa

Dei, e dou, tudo de mim pela felicidade da família que juntos construimos - meu marido e eu. Assim desde setembro último, diariamente, deixo minha casa rumo ao futuro lar dela (minha filha viúva), onde fico das 07 as 18 horas, via de regra, e entre pedreiro, pintor, carpinteiro, vidraceiro e outros do gênero tenho vivido há dois meses.
Não tenho tempo para quase nada. Estou aposentada mas ainda não experimentei o não-ter-o-que-fazer nenhum dia... Tenho em mente médicos e dentistas, urgentemente necessários para ontem, entretanto tenho adiado as consultas e avaliações, dia após dia. Dores têm sido constante: lombares, de cabeça e de dente (quebrei um dentinho- mais um no ultimo ano, resultado de debilidade, talvez!) , mas estou deixando tudo para depois que ela e os filhos se instalem na nova morada... lá onde está a tal felicidade, lá onde é o lugar que ela almeja para não mais sair e onde sempre quis estar.
Hoje ela mora aqui em casa, com filhos, babá, mala e cuia - um acampamento no dizer dela mesmo! Divide comigo a minha cama... Aqui houve um tempo em que ela era extremamente sorridente e feliz. Passávamos horas sem fim conversando, primeiro, e sempre, sobre suas últimas descobertas desde a infância até a fase pre-adulta, quando ele a roubou de mim e se instalou no seu coração.
Perdi para ele, em compensação ganhei o melhor genro que uma sogra possa desejar. Um dia, Deus - nosso doce ladrão - o roubou de todos nós, ficamos sem ele, orfãos, viúvos saudosos e tristes. Eu, porém, fiquei duplamente triste, pelo filho que regressou à casa do Pai e pela filha que, ainda hoje, chora ocultamente a dor dessa prematura partida. Vejo-a (e aos pequenos) tateando entre lampejos e escuridão rumo ao não sei onde que agora se materializa no novo endereço. Todos, enfim, temos dificuldades de tocar a vida. Um ser chora escondido, outro se fecha em estranha constipação, outro chora copiosamente nos ombros que se lhe apresentam...
Mas a vida continua e, como dizia o poeta, ela é assim como um rio nunca nos banhamos na mesma água, a qual todo dia se renova. Por isso eu digo: nunca deixe para amanhã o que deve e pode ser feito hoje (faça o que eu digo...) Aproveite todos os momentos, minutos, segundos... amanhã poderá ser muito tarde e você e eu e todos não tiveram a chance de... deixaram as águas passarem... e nunca mais, nunca mesmo! elas voltarão.
Melhor viver bem, consigo e com o outro, e ser feliz sempre, onde você está. Sem arrependimentos, NUNCA!
Daqui a pouco estarei lá... mesmo tendo sido arrebatada da cama às quatro da madrugada (eu que sonhei me aposentar para acordar diariamente, pelo menos as oito da manhã), com um netinho lindo, amado, mas choroso por uma dor de ouvido e uma vontade não realizada de esvaziar aquilo que lhe constipa cotidianamente...
E eu, apesar de uma tosse de cachorro por causa da fina poeira, resultante da atual rotina, muito feliz porque faço a minha parte e não deixo as águas da vida correrem sem sequer me molhar, vou pra lá mergulhar no que a vida está me oferecendo agora...