Por que tia? Porque sou tia de muitos e vó só de dois, por isso não é o blog da Vovó Dedê. Aqui esvaziarei o coração quando estiver muito cheio; preencherei minhas noites insones; inicio algo concreto para o tempo de aposentada que se avizinha.
Desejo escrever meu dia-a-dia difícil e revisar com palavras e sonhos meu cotidiano e comunicar meu interior, vivido e experiente. Encontrar amigos, leitores, parentes aos quais oportunamente poderei homenagear.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Marcele

... de repente relendo o blog dela veio em mim a lembrança daquela menina que um dia tive em minha casa. Da menininha que me acompanhava em toda parte, apesar de ter duas babás, na época. Tiago Luiz era levado da breca e, assim, carregava comigo a mais velhinha, para dar uma folga a Cida... Na verdade ainda bebê eu a levava comigo para a escola. Deixava-a no carrinho em frente a sala de aula, onde ela acabava dormindo até a hora do recreio, quando mamava e, depois, voltava a dormir. Os alunos se revezavam nos cuidados, entre um intervalo e outro. Aliás, todos adoravam cuidar do meu bebê.
Depois, maiorzinha, a levava comigo para as filas dos bancos - num tempo em que ainda não havia caixas eletrônicos e/ou internets banks- era encantador vê-la a abrir gavetas com chaves invisíveis ou jogar bolas invisíveis também. Na verdade, era encantador vê-la embarcar nos meus brinquedos de faz-de-conta. Ali estava alguma defesa útil no futuro, meio poética, "fingir que não é dor a dor que deveras sente". Serviria para esconder a dor e sorrir para a vida.
Lembro dela levantando bandeiras políticas aos 4 ou 5 anos de idade (de esquerda desde pequenininha) cantado: "maria, maria, maria", em prol da primeira mulher candidata e eleita prefeita de Fortaleza. Ela à frente e o resto das crianças do meu bloco atrás...
São tantas lembranças pueris...
Fico feliz (paradoxo?) ao vê-la hoje enfrentando a vida, a dor, a morte e a perda do primeiro e único GRANDE amor da vida dela,segura de si, tomando decisões, dando ordens, educando seus pequenos (do jeito dela - não interfiro...).
Temos zilhões de discussões cotidianamente. Discordamos de tudo, outro tanto. Ela nunca acha que estou certa, nunca acha legal o que eu faço,(na hora) porém depois usa minhas idéias, fatos, palavras e argumentos, mas só depois, muito depois...
Ela nunca reconhece minha importância na vida dela, não atribui a mim nenhum mérito no que ela é hoje... Não gosta da minha fé, da minha oração, me chma de beata! Enfim, ela nunca acha coisa alguma nela que reporte a essa mísera mãe aqui. Isso declaradamente, mas lá no intimo, ela me ama de tal modo que ela nem supõe e a pego fazendo coisas (muitas) do mesmo jeito que eu fiz... Ela odeia cozinhar, mas cozinha como eu... conta para os filhos as histórias que eu contava para ela, com amesma entonação que eu dava aos personagens, e me diz que lembra até do tom da minha voz, naquela época...
Hoje ela é uma irmã muito melhor para seus irmãos: o Tiago e a Manu...
Enfim, ela se tornou como diz a Dorê: "...UMA MULHER NO SENTIDO TOTAL DA PALAVRA, É FEITA DA MAIS PURA FIBRA...e não de vidro. E ela é assim porque você a ensinou a ser independente e a acreditar em si mesma. Ela vai superar...não por você, pela família ou pelos amigos, mas por ela. Vai provar que ela pode! (e você sabe como ela gosta de desafios). Ela esta passando pelos cinco processos para aceitação muito bem, e se revoltar as vezes é normal e bom, colocar para fora e ter opiniões que a deixam com raiva é ótimo, porque assim ela vai ter mais incentivo para levantar a cabeça e lutar. Deixe-a lutar suas próprias lutas. Ela não tem que provar nada a ninguém a não ser a si mesma. E isso ela sabe fazer. Ela tem e vai viver plenamente porque é jovem, bonita, inteligente e merece".
Essa é a minha filha mais velha!

5 comentários:

Cele disse...

E eu posso chorar em público, num congresso em Recife... Porque, né, eu posso, todo mundo entende!

Idê Maciel disse...

Pode chorar onde e quando quiser, filha. Você pode tudo! bj

Alê Crisóstomo disse...

Lindos o amor, o respeito e as belas palavras! Bjos nas duas queridíssimas!!

Felicidade vem em 1º... disse...

Nossa dona Idê, até eu me arrepiei...
Nossos filhos são os nossos maiores tesouros, por mais q a gente ensine uma vida inteira, aprendemos na mesma intensidade... Acho q nenhum filho realmente valoriza uma mãe como ela realmente merece, por mais q ele tente muito, ainda podia mais.... É aquela história que minha avó adora contar: "Uma mãe é pra 20 filhos, mas 20 filhos ainda não é pra uma mãe..." Beijos na senhora.

Izabel disse...

Sua sabedoria em saber compreender o que está por trás das palavras,me faz crer mais uma vez,o quanto é grande o amor de mãe,que tudo sente,tudo compreende,tudo enxerga,embora pareça nebuloso até para quem faz.
Seu EXEMPLO é o que de mais precioso,um dia,deixará para seus filhos e netos.
Amar é saber deixar CRESCER e FLORESCER,com toda a infinita beleza natural.
Que Deus em sua bondade,te cubra SEMPRE,de bençãos e LUZ.