Por que tia? Porque sou tia de muitos e vó só de dois, por isso não é o blog da Vovó Dedê. Aqui esvaziarei o coração quando estiver muito cheio; preencherei minhas noites insones; inicio algo concreto para o tempo de aposentada que se avizinha.
Desejo escrever meu dia-a-dia difícil e revisar com palavras e sonhos meu cotidiano e comunicar meu interior, vivido e experiente. Encontrar amigos, leitores, parentes aos quais oportunamente poderei homenagear.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sobre a vida que passa

Dei, e dou, tudo de mim pela felicidade da família que juntos construimos - meu marido e eu. Assim desde setembro último, diariamente, deixo minha casa rumo ao futuro lar dela (minha filha viúva), onde fico das 07 as 18 horas, via de regra, e entre pedreiro, pintor, carpinteiro, vidraceiro e outros do gênero tenho vivido há dois meses.
Não tenho tempo para quase nada. Estou aposentada mas ainda não experimentei o não-ter-o-que-fazer nenhum dia... Tenho em mente médicos e dentistas, urgentemente necessários para ontem, entretanto tenho adiado as consultas e avaliações, dia após dia. Dores têm sido constante: lombares, de cabeça e de dente (quebrei um dentinho- mais um no ultimo ano, resultado de debilidade, talvez!) , mas estou deixando tudo para depois que ela e os filhos se instalem na nova morada... lá onde está a tal felicidade, lá onde é o lugar que ela almeja para não mais sair e onde sempre quis estar.
Hoje ela mora aqui em casa, com filhos, babá, mala e cuia - um acampamento no dizer dela mesmo! Divide comigo a minha cama... Aqui houve um tempo em que ela era extremamente sorridente e feliz. Passávamos horas sem fim conversando, primeiro, e sempre, sobre suas últimas descobertas desde a infância até a fase pre-adulta, quando ele a roubou de mim e se instalou no seu coração.
Perdi para ele, em compensação ganhei o melhor genro que uma sogra possa desejar. Um dia, Deus - nosso doce ladrão - o roubou de todos nós, ficamos sem ele, orfãos, viúvos saudosos e tristes. Eu, porém, fiquei duplamente triste, pelo filho que regressou à casa do Pai e pela filha que, ainda hoje, chora ocultamente a dor dessa prematura partida. Vejo-a (e aos pequenos) tateando entre lampejos e escuridão rumo ao não sei onde que agora se materializa no novo endereço. Todos, enfim, temos dificuldades de tocar a vida. Um ser chora escondido, outro se fecha em estranha constipação, outro chora copiosamente nos ombros que se lhe apresentam...
Mas a vida continua e, como dizia o poeta, ela é assim como um rio nunca nos banhamos na mesma água, a qual todo dia se renova. Por isso eu digo: nunca deixe para amanhã o que deve e pode ser feito hoje (faça o que eu digo...) Aproveite todos os momentos, minutos, segundos... amanhã poderá ser muito tarde e você e eu e todos não tiveram a chance de... deixaram as águas passarem... e nunca mais, nunca mesmo! elas voltarão.
Melhor viver bem, consigo e com o outro, e ser feliz sempre, onde você está. Sem arrependimentos, NUNCA!
Daqui a pouco estarei lá... mesmo tendo sido arrebatada da cama às quatro da madrugada (eu que sonhei me aposentar para acordar diariamente, pelo menos as oito da manhã), com um netinho lindo, amado, mas choroso por uma dor de ouvido e uma vontade não realizada de esvaziar aquilo que lhe constipa cotidianamente...
E eu, apesar de uma tosse de cachorro por causa da fina poeira, resultante da atual rotina, muito feliz porque faço a minha parte e não deixo as águas da vida correrem sem sequer me molhar, vou pra lá mergulhar no que a vida está me oferecendo agora...

2 comentários:

Felicidade vem em 1º... disse...

Agora entendi o dom de externar a própria história da Marcele.... Ela puxou a senhora...

Izabel disse...

A Moreninha...não puxa...HERDA!!!
E vai herdar muitas bençãos mais,pode ter certeza!